Não é certamente a tarefa mais fácil do mundo comparar dois jogos que, à primeira vista, são extremamente parecidos. Contribui para isso o fato de ambos se apresentarem como aquele que é o expoente máximo no que a first person shooters de guerra diz respeito.
Juntar a isso ambos serem, no seu âmago, extremamente genéricos na forma como se apresentam aos jogadores mas totalmente diferentes na sua essência, faz com que a decisão de um recém-chegado a esta batalha sinta enormes dificuldades na hora de abrir a carteira e decidir qual o lado da barricada em que pretende lutar.
Porquê? Por um lado, ambos os jogos deixam praticamente de parte aquele que era o motivo que levava muitos jogadores a adquirirem um jogo: a duração da campanha single player, apostando principalmente no modo online. Por outro, tanto
BF3 como
MW3 buscam um realismo que, baseado no arsenal bélico, locais de conflito e até mesmo o perfil dos inimigos os torna imensamente semelhantes à primeira vista.
Mas as diferenças estão lá, enquanto
Modern Warfare 3 aposta em um modo online mais virado para uma experiência que se poderia apelidar de
“guerra arcade”,
Battlefield 3 tenta a todo o custo simular todas as vertentes de uma batalha, valendo-se para isso da inclusão de veículos de todos os tipos e, acima de tudo, no trabalho em equipe por parte dos jogadores.
Decisões difíceis para uns, mas extremamente fáceis para outros. Pela forma como, em qualquer fórum ou comentários na internet, os fãs de
BF3 e
MW3 se confrontam em autênticos banhos de sangue argumentativos, existem sérias probabilidades de a 3ª Grande Guerra ser provocada, não por uma qualquer facção desconhecida de terroristas russos ou iranianos mas sim por um qualquer grupo de fãs mais empedernidos.
O culminar de uma evolução que tem vindo a decorrer desde 2002 para a “marca” Battlefield e desde 2003 para Call of Duty, com largos milhões de cópias vendidas ao longo dos anos, faz com que 2011 e o fechar do círculo com duas trilogias se apresente como o ano da grande decisão. Para isso contribuiu certamente o hype gigantesco que tanto a Electronic Arts
(BF3) como a Activision
(MW3) conseguiram gerar.
A última palavra, como é óbvio, será a dos próprios jogadores, aqueles que escolhem um ou outro jogo (ou até os dois), mas como é natural as comparações a todos os níveis são inevitáveis.
Os Gráficos
Graficamente, qualquer um destes incrivéis jogos possui argumentos para deixar os jogadores de boca aberta. A atenção dedicada ao detalhe do campo de batalha, ao arsenal bélico, a construção de ambientes claustrofóbicos e o seu contraste com os cenários mais amplos, criam autênticos momentos de deleite visual. Juntando a isso as cutscenes em tempo real e os quicktime events, uma constante em ambos os jogos, poderíamos estar perante uma espécie de empate. E estaríamos, não fosse o
Battlefield 3 trazer debaixo do
“capot “ um novo motor gráfico apelidado de
Frostbite 2 que faz com que graficamente BF3 possua um brilho e pormenor gráfico que
Modern Warfare 3, com o seu retocado motor de jogo, não consegue atingir. Não se pretende afirmar com isto que os gráficos de
Modern Warfare 3 são de fraca qualidade, muito pelo contrário. Mas quando vemos uma cidade inteira a desabar gradualmente em frente aos nossos olhos vítima dos horrores da guerra, com o fumo e o pó a turvarem-nos a vista enquanto balas e estilhaços voam por toda a parte, é difícil não se considerar
Battlefield 3 superior.
A História
Se há coisa a que a saga
Modern Warfare nos habituou foi a uma campanha curta mas extremamente intensa. Quem poderá esquecer, em Modern Warfare 2, a missão do terminal do aeroporto na pele dos terroristas?
Com uma qualidade e detalhe de fizeram inveja a qualquer blockbuster cinematográfico saído das mãos de Michael Bay,
Modern Warfare 3 compensa a falta de qualidade narrativa de um Resgate do Soldado Ryan
(Steven Spielberg) com a intensidade quase documental de um Black Hawk Down
(Ridley Scott). Não há espaço para tempos mortos e em momento algum a intensidade da ação diminui. Não é certamente fácil criar uma narrativa feita apenas de pontos altos, mas a Infinity Ward consegue-o. Nem que para isso sacrifique de tempos a tempos a coerência da história.
Mas quem é que perde tempo a pensar em coerência quando tão depressa está a colocar explosivos num submarino como a sobrevoar de helicóptero um campo de batalha ou a lutar contra terroristas dentro de um avião prestes a cair?
Neste campo,
Modern Warfare 3 é claramente superior a
Battlefield 3, que apesar de tentar aproximar-se da intensidade cinematográfica de MW3, acaba por estragar os momentos mais emocionantes de ação ao recorrer a quicktime events que apenas se limitam a prejudicar a imersão do jogador.
O Multiplayer
Para o fim fica o elemento mais importante de ambos os jogos e no qual ambos assentam todo o seu sucesso. O modo online de
Modern Warfare 3 e de
Battlefield 3 fazem destes dois jogos uma excelente proposta no que a longevidade e entretenimento dizem respeito.
Battlefield 3 possui um modo online gigantesco, oferecendo a possibilidade de conduzir e pilotar todo e qualquer tipo de veículo, além de percorrer mapas variados e de dimensões consideráveis. Existem também vários tipos de classes que se adequam às características e à intencionalidade com que nos dedicamos ao online. Acima de tudo BF3 aposta no trabalho de equipe e na comunicação entre jogadores. Com origem nos computadores, BF3 pode orgulhar-se de levar consigo para o mundo dos consoles a noção de
“clã”, de conseguir que um grupo de desconhecidos que se encontre uma vez por acaso num qualquer confronto online se organize e passe a trabalhar em equipe, com tarefas e missões delineadas. BF3 favorece a comunicação e incentiva a organização dos jogadores, como se de um pelotão se tratasse.
No outro lado da barricada está
Modern Warfare 3, com um modo online baseado num estilo de jogo mais rápido e ligeiramente menos estratégico, mas, do ponto de vista de diversão, completamente eficaz. Para isso contribuem certamente as killstreaks e pointstreaks que fornecem aos confrontos online uma intensidade sem rival. O regresso do modo Spec Ops, com missões cooperativas, e também um novo modo Survival, a fazer lembrar o Horde Mode de Gears of War, são sem dúvida mais dois pontos a favor no que a longevidade diz respeito.
Battlefield 3 acaba por triunfar neste componente, não por ser melhor
(no sentido mais literal da palavra) mas por ser mais completo e conseguir oferecer ao jogador muito mais para fazer e ainda por favorecer o trabalho de equipe. Obviamente que os jogadores
“solitários” se sentirão frustrados com este componente, para eles
Modern Warfare 3 é sem dúvida uma melhor opção.
A Escolha Final
Comparar
Battlefield 3 e
Modern Warfare 3 é uma tarefa ingrata, porque no fim, tal como foi dito no início deste texto, a decisão final é única e somente do jogador que, baseado naquilo que procura num first person shooter de guerra e no que pretende retirar (especialmente) do online, poderá escolher qual adquirir. Até porque
BF3 e
MW3 são, apesar das suas semelhanças superficiais, jogos bastante diferentes para públicos diferentes.
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